Há tantas coisas feitas Para serem abandonadas Edifícios na cidade Filhos, altas velocidades Há tantas coisas feitas Para serem abandonadas Os amores e as estátuas Que enfeitavam as estradas Tudo isto é um rastro Que vai do berço ao túmulo Passar deixando restos pelo mundo É o cúmulo Acúmulo de trastes Museu de tudo e nada São coisas muito tristes As que ficam abandonadas Quem acha que pode tudo Ao final não pode nada Há tantas coisas feitas Para serem abandonadas Tudo isto é só um rastro Que vai do berço ao túmulo Passar deixando restos pelo mundo É o cúmulo Mas se for mesmo boa a obra É muito bom que a gente a faça Ainda que a deixemos Farsa sempre abandonada Se algumas coisas terminam Quando mal iniciadas Muitas outras ficam E vão sendo aproveitadas E se o trabalho guarda em si Uma única verdade Ele só o dirá um dia Ao sol da nova humanidade E quando houver de fato A tal futura humanidade Que ela não se queime tanto Na fogueira das vaidades Que ela distribua os bens Pra todos que fazem a obra E que enfim não fique nada Nenhuma coisa abandonada Há tantas coisas feitas Para serem abandonadas