Num quarto solitário Na Rua do Rosário Com um 13 bem na porta Um turco lá morou Disse o seu Patrício Que ele morreu no hospício E cheio de aflição Porque engoliu um tostão O seu nome era Rachid Abdula ou Farid Nascido na Turquia Criado na Bahia Ele era prestamista e vigarista! Nunca perdeu de vista O bolso de ninguém Por causa de um vintém Seu quarto todo escrito Com contas há somar E de multiplicar Não tinha dividir E por economia Pra não gastar seu sangue Com as pulgas já famintas Ficava sem dormir Em uma caixa escrita Deixava como herança Ao filho ainda criança As contas por cobrar Ele era precavido Pro caixão ser pequeno Morreu bem decidido De cócoras, encolhido E o pesado 13 Em uma sexta-feira Também num dia 13 Faz hoje quase um ano Que teve o intestino Por choque fraturado Pois foi atropelado Por um aeroplano Num dia em que um amigo Ao lhe pedir abrigo Ao ver aberta a porta Quase morreu de horror Pois viu por sobre a cama O terno de Farid E viu dependurado Abdula num cabide