[Ah, payador indomado Sempre a cantar contra o vento A pátria é um fundamento, Um grito no descampado É um eco renovado Na garganta da querência Desafiando a prepotência Que quer ditar os valores Mas a esses ditadores Não chamamos de excelência] Nasci no centro dos ventos No barro das orações Meu destino são raízes Que brotam nas reduções Onde o canto é a voz da pátria Misteriosa das Missões Por isso, a bem da história Hei de cantar altaneiro Dizendo verdades cruas No meu estilo campeiro Quando o Rio Grande nasceu Já existia o missioneiro Assim erguemos a pátria Como quem ergue um altar E a guardamos sagrada No viver e no cantar As legendas missioneiras Que jamais hão de manchar É um dever dos payadores Zelar o bem na verdade Com a guitarra nos tentos Num rasgo de eternidade E seguir cruzando o mundo Escravos da liberdade Como disse Martín Fierro O cantor legenda e glória Que deixou para o porvir Salmos da crioula história Saibam que esquecer o ruim Também é se ter memória E vou calando a guitarra A deusa da pulperia Que me acompanha gaudéria Nas minhas andanças bravia Fecundando a pampa grande Alma, garra e melodia