Nilson Chaves

Círio No Exílio

Nilson Chaves


Outubro, domingo
As folhas do outono caindo
No exílio de um país distante e frio
Me lembro que a essa hora
Vem vindo 
Numa cidade longíqua do Brasil
Vem vindo 
Vem vindo
A essa hora sob o sol do Equador 
O andar, o andor, o ardor
De tanta gente 
Na manhã quente
Tão diferente desta aqui

E sinto o frio 
Como se estivesse ao sol daí
E como um hambúrguer
Com gosto de tucupi
E onde passas te saúdo
E aplaudo e é aqui
É mesmo por aqui 
Que eu sei que passas
No asfalto negro da saudade
Nas avenidas de outra cidade
Eu sei que passas por aqui 
Eu sei que passas por aqui

E vejo então que não te devo 
A promessa que fiz 
De estar aí em todo Círio
E ser feliz 
Distante estou aqui
E hoje bem sei
Que não passas só em Belém
Passas aqui também
Passas por onde houver
Um filho teu
Todos os teus filhos
Os crentes e os ateus
Eu sei que passas por aqui
E quando passa 
Que lindo

Senhora de Nazaré
Além de toda fé
Toda razão
Bem dentro do coração
Estás em mim e fim
Um sim dentro do não