É assim, com essa sede de outubro Que belém bebe Maria Que nem um líquido viscoso A multidão se espraia pelas ruas da cidade Em preces, na manhã ensolarada Escorre devagar por entre túneis verdes Parecendo de propósito desenhados Espreme-se em gargalos por entre rios e canais Contornam prédios e abraçam quarteirões inteiros Derramam-se em lágrimas Vistas do alto, lentes curiosas revelam A extasiada corrente, delirante, que impressiona Pisa o chão como se pisasse o céu Súplicas mil, diferentes vozes, sotaques, raças Culturas, cores e até crenças Como uma humana babel Tonteada, vai seguindo a santa baliza Tomando, por inteiro, seu generoso espaço E ao ocupar seu insaciável recipiente Revela o formato e o tamanho da fé