De dentro da noite umbrosa Som de corda ressecada Acompanhava de troça A melodia sem faca De longe, veio uma voz Que fez da pedra serena Pontuda rocha atroz Assim era a cantilena O anel que tu me destes Era vidro e se quebrou O amor que tu me tinhas Era pouco e se acabou Minha história, minha sanha Não cabemos em choupanas Sozinho, viajo montanhas E me chamo joão pestana E nos olhos, eu deponho Em toda a gente que sonha Algum pedaço de sonho Dentro da minha peçonha As palavras têm arestas Que a saga do tempo aplaina Qual a seiva secreta Que tuas palavras encanta? Tanta tripa seca e dura Moribunda sem um manto Costura de rendidura Essa é a seda do teu canto Congrega a ossada velha Numa roda de ciranda Sê o sangue de uma artéria Sê defunto e sê criança Tua clavícula pequena Ainda me dá morada Te percorre minha pena Minha ponta de palavra Não mais arraste cansado O teu corpo noite afora Fecha os olhos como lábios Deito neles minha história