Sete de julho dizia o jornal Hoje encontraram no trem madrugueiro O corpo de um jornalista local Depois de amanhã já farão seu enterro Mais tarde registro o que eu sei dos fatos Existe a suspeita de assassinato Hoje voltou a cliente do trem Isso era a entrada de oito de julho Disse que estava seguida de alguém E antes de ir, segredou num sussurro Cuidado, ele manca pro lado esquerdo Não disse seu nome, pagou em dinheiro Nove de julho estava escrito Hoje começo no caso de quinta No enterro apenas uns poucos amigos Foi quando eu vi espiando da esquina Chapéu sobretudo e um homem por trás Saiu, coxeava, então eu fui atrás O homem andou por vielas escuras Assim descrevia aquele caderno E quase perdi seu trajeto na bruma Quando ele virou para uma taberna Sentou numa na mesa de todo sozinho Sentei esperei acendi meu cachimbo Fiquei atento espiando de esguelha Mas no único instante de algum devaneio Estava vazia a sua cadeira E na minha mesa não sei de onde veio Apareceu uma nota que lia Você se meteu com quem não devia Na volta de casa temi cada sombra O décimo dia de julho narrava E numa mensagem da caixa eletrônica Me avisou a cliente palavra a palavra Eu vou acabar como ele do trem Crivada de bala não sabem por quem Onze de julho saiu nos jornais Hoje com tiros no carro de carga Assim como o homem três dias atrás Uma mulher foi executada Nem precisei assistir as notícias Pra descobrir quem fora a vítima Mas então dentro daquele diário Havia num sujo envelope uma carta Sem remetente e com selo ordinário Entre as folhas dos dias seguintes guardada Abri o envelope de selo rompido E linha por linha eu li manuscrito Não quis te envolver nessa história sinistra Tem tanto disso que eu não entendia Ele escrevia a coluna política Eu só lhe contei o que eu pouco sabia De nada adianta esgueirar esconder Eles sabem seus passos mesmo antes que os dê Agora que lês eu já devo estar morta Tudo que houve não vale dizer Mas dessa história só isso te importa A única coisa que tens que saber Nós dois cometemos um único erro Mexer com quem mexe com muito dinheiro Vou escrever pra ficar acordado Doze de julho o diário reporta A última linha só tem registrado Com a faca na mão eu vigio a porta Treze de julho o relato acaba Manchado de sangue e furado de bala