Nícolas Wolaniuk

Como e Por Que Sou Cancioneiro

Nícolas Wolaniuk


Eu pastor tão renitente
Mal pegava o violão
As ovelha sai da frente
Vai pra boca do leão
Decidi-me diferente
Fui subindo o viamão

Lá chegando sem parente
Fui deitar corpo no chão
Um sujeito imponente
Me tomou por seu irmão
Me acolheu em cama quente
Sob a colcha no colchão

De manhã o Sol nascente
Despontava pelo vão
Levantei com o pé silente
Sem coçar a confusão
Saí quieto e de repente
De fininho da mansão

Já o rei desse oriente
Quis fazer competição
De ver quem de toda gente
Bem cozinha ao seu quinhão
E sem ter ingrediente
Levantei a minha mão

Competindo as competente
Eram moça de ambição
As faca tinha nos dente
E as panela no fogão
Sem saber tava no rente
Pela cama do sultão

Uma sopa de semente
Me embrulhou a digestão
E pensando no batente
Fiz um prato de feijão
Temperei com alho ao dente
E servi com milho e pão

E o rei, gordo e contente
Comendo bolo babão
Me escolheu das combatente
Pra vestir anel na mão
E duas noite sequente
Eu sequer dormi no chão

Se pedia um rango quente
Eu caprichava o macarrão
Mas pedindo cu de gente
Eu lhe dava cu de cão
Com esse plano diligente
Lhe enganei o coração

Mas o rei eventualmente
Ele se deu da amarração
E irado e insolente
Me mandou comer carvão
Vá-se embora, delinquente
Que esse pelo cheira a cão

Meu sentido já não sente
Meu poder não pode não
Minha boca não tem dente
Minha estrela tá no chão
Minha mulher é um indigente
Meu cominho é açafrão

E o rei impaciente
Com a tal situação
De haver crime impunemente
Pro inocente, traição
Quis marcar toda essa gente
De penúria e aflição

Fez do asno presidente
Me botou cantar canção

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