Eu pastor tão renitente Mal pegava o violão As ovelha sai da frente Vai pra boca do leão Decidi-me diferente Fui subindo o viamão Lá chegando sem parente Fui deitar corpo no chão Um sujeito imponente Me tomou por seu irmão Me acolheu em cama quente Sob a colcha no colchão De manhã o Sol nascente Despontava pelo vão Levantei com o pé silente Sem coçar a confusão Saí quieto e de repente De fininho da mansão Já o rei desse oriente Quis fazer competição De ver quem de toda gente Bem cozinha ao seu quinhão E sem ter ingrediente Levantei a minha mão Competindo as competente Eram moça de ambição As faca tinha nos dente E as panela no fogão Sem saber tava no rente Pela cama do sultão Uma sopa de semente Me embrulhou a digestão E pensando no batente Fiz um prato de feijão Temperei com alho ao dente E servi com milho e pão E o rei, gordo e contente Comendo bolo babão Me escolheu das combatente Pra vestir anel na mão E duas noite sequente Eu sequer dormi no chão Se pedia um rango quente Eu caprichava o macarrão Mas pedindo cu de gente Eu lhe dava cu de cão Com esse plano diligente Lhe enganei o coração Mas o rei eventualmente Ele se deu da amarração E irado e insolente Me mandou comer carvão Vá-se embora, delinquente Que esse pelo cheira a cão Meu sentido já não sente Meu poder não pode não Minha boca não tem dente Minha estrela tá no chão Minha mulher é um indigente Meu cominho é açafrão E o rei impaciente Com a tal situação De haver crime impunemente Pro inocente, traição Quis marcar toda essa gente De penúria e aflição Fez do asno presidente Me botou cantar canção