A vida de um boiadeiro É vida muito arriscada Pra ser peão afamado Não pode contar com nada Tando com meus companheiro Na minha besta dorada Lenço xadrez no pescoço Sempre fui um peão disposto No estado de Mato Grosso Fui capataz de boiada Foi lá em Minas Gerais Lugar onde eu fui nascido Meu nome José de Souza Souza Peão é o meu apelido Por ser um peão de corage Um caboclo arresorvido Eu já em lombo de burro Tenho me visto em apuro Sou mesmo um nego duro Nunca contei com o perigo Zona de Piracicaba Tinha um burro redomão Fui chamado na cidade Por ter fama de bão peão Chico Ambrózio me falou Vou te dá uma explicação Toma cuidado rapaz Que o burro chama Satanás Inda ninguém foi capaz De Pará em cima do pinhão O burro tava enciado Urrava que nem leão Pus meu chapéu mexicano Apertei meu cinturão Montei, o burro ferveu A poeira fez cerração Sartô mais de duas hora O bicho parô na espora Joguei meu chicote fora De cima pulei no chão Ganhei muitos parabéns Só por ter sido campeão Ouvimo um grito em geral Dando viva ao Souza Peão Logo vi uma moreninha Delicada de feição Dizendo, esse boiadeiro Se de fato for sortêro Pois será ele o primeiro Que ganha o meu coração