Nhambuzim

Acerto de Contas

Nhambuzim


insp. em Grande Sertão: Veredas 

O dia: era de acerto 
A data: da conclusão
De botar bala no peito 
Não medir quem é direito
Nem lembrar quem tem defeito
Só vazar o coração

Os canos matraqueavam 
De zunir em queimação
Tinha bala com endereço
Outras sem qualquer pretexto
Se tornavam adereços 
Em toda povoação

Arrê, terra em transe! Arrê, é o guerrear!
No chão o sangue coalha
Medo e ódio se espalham 
Foi a última batalha no sertão sem dimensão 

Se pensar, perde a coragem
Se rezar perde atenção
É o mundo dos avessos
A vingança não tem preço 
Nem requer lembrar de apreço
No tecer da situação

O destino estava feito 
A vingança um conceito
O demônio e o redemunho 
Na rua facas em punho
Quem quis ser, foi testemunho 
O fim foi desolação

Arrê...

E a tarde trouxe mágoa
E a noite solidão
O estranho se fez claro 
Na nudez revelação
A paixão tão rechaçada
Se manteve resguardada 
No final da contação