Dentro de um bar em uma mesa debruçado Certa noite eu encontrei Trazendo ainda os teus olhos molhados Da bebida que tomei Do outro lado daquela mesma mesa Um copo cheio e uma cadeira vazia Era o retrato da minha desventura Um quadro triste que realmente eu vivia E para aumentar minha tristeza Rodearam a minha mesa velhos amigos meus Quando viram que os meus olhos choravam Inocentes perguntavam, o que foi que aconteceu? Meus amigos, vou contar a minha história Certo dia do trabalho quando ao lar eu regressei Entrei em casa e como sempre eu fazia Com ternura e carinho o nome dela eu chamei (Maria, Maria, Maria) Ninguém me respondeu Desesperado então Senti brotar em mim A negra solidão Corri para o terreiro Meu filho encontrei Alucinado e triste Ao inocente perguntei (Filhinho, onde está a mamãe? Ela não veio com o senhor, papai? Ela me deixou com os amiguinhos Disse que ia ali um pouquinho E já voltava pra me ver Papai, estou cansado de brincar Tenho fome, ela não me deu nada pra comer) Desesperado abracei o meu filhinho E dentro do seu bolsinho um bilhete encontrei Amarrotado tal e qual e minha vida Nele escrito a despedida, confesso que chorei Pois bem, amigos, eis aí porque me encontro Neste estado, neste pranto, nesta negra solidão Se ainda vivo é porque tenho este inocente Pedacinho inconsciente do meu próprio coração