Nelson Eduardo

20 Anos de Vaqueiro

Nelson Eduardo


Fui vaqueiro há 20 anos
Já amansei barbatão
Minha calça era a perneira
Minha blusa era o gibão
Minha estrada era o serrado
Minha trilha era o grotão
Meu amigo era o cavalo
Minha casa era o sertão

Deitava ao pé da montanha
Pra descansar do trabalho
Na fonte eu banhava o rosto
O chão foi meu agasalho
O vento encrespava as folhas
Uma flor em cada galho
E a reis marcava o compasso
Na pancada do chocalho

Já fiz rede de cipó
Pra levantar reis caída
Que separada do bando
Não vinha mais pra bebida
Na sombra do juazeiro
Dei-lhe água e dei comida
Numa luta contra a morte
Até salvar uma vida

Mastiguei folhas de mato
Pela cede angustiado
Pra não deixar meu trabalho
Antes de ter terminado
Redobrava minhas forças
Com a essência do prado
E pra matar minha cede
Bastava o cheiro do gado

Sem perder um só instante
De tudo que a vida tem
Não fiz mais porque o tempo
Não espera por ninguém
Quando vejo uma boiada
Ser tangida por alguém
Aí vem recordação
Que fui vaqueiro também

Me ausentei das boiadas
Mas ainda sinto o cheiro
Do chão morno do curral
Que dorme o gado leiteiro
Mas precisando ainda faço
Campeando o dia inteiro
Porque poeira de gado
Nunca fez mal a vaqueiro

Mas precisando ainda faço
Campeando o dia inteiro
Porque poeira de gado
Nunca fez mal a vaqueiro

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