Uma vez feito doido Uma vez, minha cara A cidade era minha A calçada molhada Um tijolo de luz Madrugada de prata Eu montava um cavalo Atenção, era eu o bandido Eu era a polícia Eu voltava pra casa Trazendo galinha Pedindo comida Vestindo uniforme Chamava teu nome E pedia perdão Um pedaço de gente Um pedaço de rua A beleza perdida eu guardava No bolso da calça furada Puída e barata Eu achava legal Mas, não, essa rua era minha Eu cantava sozinho no meio da praça E vencia sozinho com a minha cachaça Mais o meu cavaquinho Devagar fui cantando Espalhando o que eu sei Uma só melodia De um palhaço que é rei De um fantasma que eu sei Num terreiro de gás eu subia e dançava Com o sol feito lua Um passista maluco e que atua pra um público nenhum E se alguém se lembrar de pedir, me pedir Vou contar o que eu sei Eu vivi, era dia, era dia Era até carnaval, eu sei lá Era tanto algo triste no mundo Espalhou o seu manto Uma ruga nasceu Um amor que morreu Algo assim sou eu Ou a minha máscara