Ninguém sabe da dor da ferida aberta Debaixo da tua pele Ninguém pode lutar pelos sonhos que te ardem Ninguém sabe da vida que você levou Nem das batalhas que você travou Pra conquistar A tua identidade Ninguém sabe da grade Que te obstrui o corpo Nem sabe das lições Que você aprendeu Metidas a seco Do sangue, do ciclo Do choro, do riso Do gozo reprimidos Da tua solidão e medo Na rua escura Ninguém vai vingar O roubo da tua alma O rasgo no teu sexo A morte da tua cria Debaixo do nariz Dos teus instintos básicos Os teus feitiços mágicos Pra curar o mundo Então, faça-se, erga-se Lute, mulher! Porque ser, você já é E direito ninguém te deu Foi você quem conquistou! Quanto tempo mais Você vai aguentar ser agredida Quanto tempo mais você vai aguentar? Quanto tempo mais Você vai aguentar ser agredida Pelas pessoas que dizem te amar? Quanto tempo mais Você vai aguentar, mulher? Jardineiro do meu pai Não me corte meus cabelos Minha mãe me penteava Minha madrasta me enterrou Pelo figo da figueira Que o passarinho levou Então, faça-se, erga-se Lute, mulher! Porque ser, você já é E direito ninguém te deu Foi você quem conquistou!