Nardel Silva

Mate De Espera

Nardel Silva


Depois da lida sentava
Em frente o rancho a matear
E no horizonte seus olhos
Ficavam a procurar
Uma poeira de estrada
Ou qualquer sinal de vida
Que identificasse a volta
De sua prenda querida
Mas como nada acontecia
A esperança era pouca
E aquele mate de espera
Que queimava o céu da boca
Então pegando no pinho
Abraçando com carinho
Cantava com a voz rouca

Gauchinha, gauchinha
Tens pena da minha dor
Eu te peço, queridinha
Um pouquinho só de amor

A dor que tinha em seu peito
Ficava então mais forte
Como é que um índio tão bueno
Era de tão pouca sorte?
Pois em rodeio de amor
A gente nunca se amarra
Mas o laço de um olhar
Me pealou de cucharra
E no vazio que vivia
Na imensa solidão
Cutucava bem mais forte
No fundo do coração
Quanto mais triste ficava
Aí então que cantava
Abraçado ao violão

Vim lá de fora
Sou laçador
Só não pude laçar até agora
O meu amor