O primeiro amor que tive Não foi o primeiro amor que beijei Nunca ficávamos sós, mas me atrevi Guardar os seus encantos que desejei. O primeiro amor que tive Embora outro a tenha beijado primeiro Ficou o gosto, do primeiro beijo, retido Criança nem sabe beijar, nem sabe que é beijo. Quando uma boca displicente toca a outra Displicentemente procura a deseja o curioso Fica o amor suspenso indo ensinar a outros E esses aprendizes chegam sequer a molhar o gozo. O primeiro amor que tive é o que tenho agora Qualificado, e de tudo sabe sobre amar, ferir E nas madrugadas nos tempos de outrora A gente se abrigava em diferentes lençóis Hoje fazemos nos amamos nas auroras Nos sóis a pino, nas correntezas dos arrebóis, E de cada uma dessas cenas inimagináveis, agora Meu amor me dar, meu amor, Te espanta, meu amor me acode.