Da fresta do tempo De onde eu desci pra estar No horizonte eu posso ver Um mundo de dons geniais Mas algo me cala O chão insiste em me prender São vozes a me torturar pra ser Nada além do normal Mãe, o que será que eu sinto? O que será preciso pra sobreviver? Sangrar no campo de batalhas Juntando retalhos pra me convencer? A sobra que hoje me falta é a minha sede ao acordar E a minha assombração é o que vai me ascender Eu vou viver E pra eu voltar pro meu cais Será preciso desaprender Da cinza dos meus espantalhos eu vou renascer De olhos vendados eu salto Pro escuro abismo em mim Antes que o medo do salto me leve ao meu fim Qual será meu fim? A distância por dentro Às vezes me fez hesitar Em seguir o rumo tão simples Mais perto dos meus ideais Daqui por diante Não sei o que vou encontrar Mas eu me cansei de blefar Eu pago a vida pra ver Pai, por que será que eu minto? Por que é preciso tanto ter que sobreviver? Cada árvore cresce à sua própria forma O que importa é crescer Se você achar que é loucura e vier me perguntar É só vertigem no meu sangue a correr E pra eu voltar pro meu cais Será preciso desaprender Da cinza dos meus espantalhos eu vou renascer De olhos vendados eu salto Pro escuro abismo em mim Antes que o medo do salto me leve ao meu fim Qual será meu fim? E pra eu voltar pro meu cais Será preciso desaprender Da cinza dos meus espantalhos eu vou renascer De olhos vendados eu salto Pro escuro abismo em mim Antes que o medo do salto me leve ao meu fim De olhos lavados eu salto Pro voo noturno sem fim E que vocês não esperem acordados por mim Não esperem o seu fim