Mylène Farmer

L'horloge

Mylène Farmer


Horloge! Dieu sinistre, effrayant, impassible
Dont le doigt nous menace et nous dit: Souviens-toi!
Les vibrantes Douleurs dans ton cœur plein d'effroi
Se planteront bientôt comme dans une cible

Le Plaisir vaporeux fuira vers l'horizon
Ainsi qu'une sylphide au fond de sa coulisse
Chaque instant te dévore un morceau du délice
A chaque homme accordé pour toute sa saison

Trois mille six cent fois par heure, la Seconde
Chuchote: Souviens-toi! — Rapide, avec sa voix
D'insecte, Maintenant dit: Je suis Autrefois
Et j'ai pompé ta vie avec ma trompe immonde!

Remember! Souviens-toi, prodigue Esto memor!
(Mon gosier de métal parle toutes les langues)
Les minutes, mortel folâtre, sont des gangues
Qu'il ne faut pas lâcher sans en extraire l'or!

Souviens-toi que le temps est un joueur avide
Qui gagne sans tricher, à tout coup! C'est la loi
Le jour décroit; la nuit augmente, souviens-toi!
Le gouffre a toujours soif; la clepsydre se vide

Tantôt sonnera l'heure où le divin Hasard
Où l'auguste Vertu, ton épouse encore vierge
Où le repentir même (oh! La dernière auberge!)
Où tout te dire: Meurs, vieux lâche! Il est trop tard!

Relógio! Deus sinistro, assustador, inexorável
Cujo dedo nos ameaça e nos diz: Lembre-se
As vibrantes dores de seu peito cheio de medo
Se atirará em em breve como uma arma

O prazer nebuloso fugirá para o horizonte
Como uma sílfide que desaparece entre as asas
Cada momento devora um pedaço de prazer
Concedido a cada homem em cada estação

Três mil e seiscentas vezes por hora, o segundo
Sussurra: Se lembre! — rápido, com sua voz
De inseto, agora diz: Sou o passado
E eu suguei sua vida com meu bico imundo

Remember! Souviens-toi! Prodigue! Esto Memor!
(Minha garganta metálica fala todas as línguas)
Os minutos, mortais despreocupados, são como pepitas
Que não liberamos sem extrair-las os ouro

Lembre-se que o tempo é um jogador assíduo
Que ganha sem trapaça, toda vez! É a lei
O dia se levanta, a noite se aprofunda, Lembre-se!
O abismo sempre sedento, o relógio d'água escorre

Logo soará a hora do julgamento divino
Onde a augusta Virtude, sua esposa ainda virgem
Onde a própria Repetição (oh! A última morada!)
Te dirá: Morra, covarde! Agora já é tarde