No meu sertão quando era bem cedinho Papai dizia: Vamos gente trabalhar Pegue a enxada, a chibanca, a picareta Arre o burro na calçada quer para gente se mandar Mamãe botava naquela mesa comprida Um prato cheio de carne seca e manguzá Aí a gente comia muito ligeiro Pois a hora nos chamavam nem podia descansar É, é É o homem do meu chão É, é É, é É um agente de valor É, é É assim o agricultor Por que na terra molhada ele é quem planta o feijão Saía cedo para o roçado broca mato Na terra boa gente tinha que plantar Cortava lenha se furava nos espinhos Deixava o chão bem limpinho para a planta germinar Papai dizia meus filhos tenham paciência Essa rotina um dia tem que mudar Aí a gente trabalhava animado E o lucro do roçado dava para fome matar No meu sertão as coisas só ficam ruim Quando a seca domina nosso chão Aí a gente é obrigado a vender Para arranjar o que comer nosso cavalo alazão Quando é assim sertanejo não aguenta Vende a inchada, a picareta, e o facão Pega a mulher e os meninos com os brinquedos Joga tudo sem destino em cima de um caminhão Daí a pouco estando em terra estranha Pru o céu azul eles atreve olhar Muito tristonho pensando consigo mesmo Nunca mais a de voltar para o meu belo torrão Mas se tem fé Deus do céu ilumina E essa sina só vai ter prosperar são Chove ligeiro troveja e relampeja E o velho sertanejo torna voltar para o sertão