Em um edifício aqui na capital Estou residindo na grande cidade O apartamento que meu pai comprou Quando terminei a minha faculdade O seu grande sonho papai realizou Sou hoje um doutor de capacidade Aqui tenho tudo, mas sou infeliz O destino não quis fazer minha vontade No meu escritório sou um defensor Trabalho com amor a qualquer cliente Condeno aqueles que praticam o mal Procurando sempre livrar o inocente Sou advogado cumpridor da lei Mas o meu desejo era ser diferente Já lidei com gado, potro redomão Com a caneta na mão hoje lido com gente De uma janela do décimo andar Procuro avistar mas não consigo ver Não avisto o céu, só ar poluído Tão desiludido é o meu viver Não ouço o gorjear dos passarinhos Nem vejo a aurora do amanhecer Saudade das noites lindas enluaradas Tão bela e prateada ao anoitecer Quando fecho os olhos me vejo distante Lá pra minha terra eu sinto voltar Rever os momentos de felicidade E pelas campinas feliz galopar Mas quando os meus olhos tornam-se abrir Transforma em fumaça pairando no ar Na realidade sou doutor caipira Sangue sertanejo não posso negar