Na Vila do Ouro chegou uma mulata De olhos de prata e tomara que caia Na beira da praia, molhou o cangote Mostrou o decote e a menor minissaia Moreira da Silva que era o xerife Mas que nessas horas bancava o patife Com cara de tango e andar de bolero Pegou a mulata e disse: Te quiero Um beijo explodiu sobre a pele aflita Maria lhe deu todo o seu coração Mas disse cuidado porque nesta vida Maria Bonita era de Lampião E o meu Virgulino, ciumento que é, nunca Deixou de pé quem olhasse pra mim Teu caixão tá aberto, o defunto tá perto No beijo da gata encontraste teu fim Ouviu-se o tropéu do cangaço na Serra Tremeu morangueira; tremeu toda terra Pra mais de 50, o Moreira Sozinho Olhando a mulata sair de fininho Crianças corriam gritando: Mamãe! E as velhas fugiam pro alto da igreja O padre benzia, o sino batia, enquanto Moreira atira e rasteja Bandidos caiam nas poças de sangue Exangue Moreira dispara o canhão Pegou Virgulino, e de faca na mão Cortou a cabeça do ex-capitão Maria Bonita mandou-se do norte Deu sorte na vida, bonita e bacana Casou-se de araque e podre de chique Abriu uma boutique em Copacabana