Senhores me dão licença querido povo adorado Quero cantar nesses versos um pouco do meu passado Com quatro meses de idade eu nem era batizado Sobre o balcão de um bolicho eu fiquei abandonado. A minha mãe foi embora e me deixou na solidão Enrolado num trapinho numa caixa de sabão Passei três dias, três noites sem ganhar alimentação Se por culpa de uma mãe que não teve coração. Só uma fotografia junto comigo deixou E uma velhinha bem pobre nos braços me carregou Me levando numa igreja o padre me batizou E num ranchinho bem pobre a velhinha me criou. Eu nem gosto de lembrar tudo que me aconteceu Quando eu fiz dezoito anos a pobre velha morreu E aquela mãe que partiu o seu filho esqueceu Por que será que mamãe nunca mais apareceu. Me apresentando a mãe dela quando apertou minha mão Lhe disse mãe sou seu filho, por isso peço benção. Naquele triste momento choramos de emoção Eu falei para a mocinha sou seu legitimo irmão E que outro não carrega o destino que a gente traz Mamãe abandonar os filhos são coisas que não se faz Isso que me aconteceu e não aconteça mais Os filhos não são culpados dos erros que tens seus pais.