Eu só imploro a igualdade pra viver, doutor No meu Brasil Que o negro construiu A injustiça vem do asfalto pra favela Há discriminação à vera Chegam em cartão postal Em outdoor a burguesia nos revela Que o pobre da favela tem instinto marginal E o meu povo quando desce pro trabalho Pede a Deus que o proteja Dessa gente ilegal, doutor Que nos maltrata e que finge não saber Que a guerra na favela é um problema social Eu não sou marginal Eu só imploro a igualdade pra viver, doutor No meu Brasil Que o negro construiu A injustiça tem o colarinho branco Usa sapato e tamanco compra tudo que quiser Tem limusine, avião, BMW Compra sua imunidade só pra agir de má fé Enquanto isso os favelados vão sofrendo E por aqui vou escrevendo E vou cantando a minha dor, doutor Indignado com tanta corrupção Que maltrata os inocentes e alivia o ladrão Com o tal do mensalão Eu só imploro a igualdade pra viver, doutor No meu Brasil Que o negro construiu