Nos pagos da minha terra O povo tem mais calor É fácil fazer amigos E a vida tem mais valor Quando chega a primavera Que o campo rebenta em flor É tempo de armar cambichos E os ventos falam de amor E quando tem baile campeiro O dia tem outra cor A tarde se faz alegre E a lida tem mais sabor A peonada guarda o laço Os bastos e o tirador E o mundo vira num rancho Num fundo de corredor! E o gaiteiro não se apruma Num suador de fazê (r) espuma Meio torto nos arreios Só diz que “tá muito cheio! ” E a gaita é uma mamangava Dessa preta que se encrava No buraco dos esteios Dá um resmungo e um floreio E o Candinho já se solta Vai no canto e vem na volta Com a Fermina tranco feio Bufando e mascando o freio Num passo de manga-larga Rachando o salão no meio! Quem nasceu prá a lida bruta Tem sina de peleador Segura os golpes da sorte Com manhas de domador E quem tem sangue de gaúcho Tem sangue de payador Nasceu com o mapa no peito E o jeito de laçador! E quando tem baile campeiro O dia tem outra cor A tarde se faz alegre E a lida tem mais sabor A peonada guarda o laço Os bastos e o tirador E o mundo vira num rancho Num fundo de corredor!