Miro Saldanha

Apesar Dos Pesares

Miro Saldanha


No compasso da chamarra
Entre a prima e a bordona
Eu retruco, na guitarra,
Os lamentos da cordeona
E um recuerdo se desgarra
No chiado da cambona

(Já passei por trecho duro
Mangueando a alma solita
Mas fui peleando no escuro
E maneei a sorte com a fita
Fiz payada dos azares;
Das tristezas, chamarrita;
Porque, apesar dos pesares,
Eu acho a vida bonita)

Tenho alma de cigarra
Vista buena de chimango
Me gusta mucho la farra
Las milongas y los tangos
E o resmungo da guitarra
No luzeiro de um fandango

(Já passei por trecho duro
Mangueando a alma solita
Mas fui peleando no escuro
E maneei a sorte com a fita
Fiz payada dos azares;
Das tristezas, chamarrita;
Porque, apesar dos pesares,
Eu acho a vida bonita)

Nesta sina de teatino
Só me sobra o que mereço
Não sou dado a desatinos
Nem sou santo, reconheço
E algum tombo do destino
Guitarreando, eu agradeço

(Já passei por trecho duro
Mangueando a alma solita
Mas fui peleando no escuro
E maneei a sorte com a fita
Fiz payada dos azares;
Das tristezas, chamarrita;
Porque, apesar dos pesares,
Eu acho a vida bonita)