No meu lugar havia uma sanga E pitangas nos matos da infância Trilhos para brincar de maquinista E uma vista carregada de distâncias No meu lugar havia um bolicho E bichos nos pátios das casas Algazarras e correrias nas calçadas No calor dos verões em brasa No meu lugar havia uma vizinha Que sempre trazia um pote de mel Para brindar o café das tardes Gosto de ternura e grandeza do céu Nas noites de chuva e temporal Um castiçal e medo sob as cobertas Histórias de assombração e terror E amor de mãe na porta entreaberta No meu lugar havia uma guria Que não saia do meu pensamento Trago um lamento na lonjura dos anos E uma paixão na cauda do vento