Milton Sica

Mate, Amargo da Vida

Milton Sica


Mate, amargo da vida
Que sorvo em feridas e sigo aquentando
No meu coração a água aquecida
Vivências amargas
Que amargo na vida

A bomba, a cuia
A erva, a chaleira
A água, parceira
Então vou tomar
Mateando solito à sombra rancheira
Que assim é bonito ver o Sol
Se deitar

Mateio lembranças que a água me lança
São tempos vividos em outros lugar
Sinto que a erva, no verde que ceva
É o meu campo que estou a tomar

Sorvo ilusões e desejos
No fogo onde aqueço e me deixo vencer
Que a água é resto de mágoa
Rolando no rosto, querendo correr

Dentro do peito existe uma chama
Que vive e clama pra não se apagar
Um gole de trago, depois o amargo
Como se a vida eu estivesse a tomar