A elite marchava falando de Deus Ocultando a marcha dos tanques, fuzis Num instante se faz refém o país A manchete anuncia que teremos paz Nem deu tempo pra dizer adeus Democracia, aqui tu jaz Liberdade, não se desfaz A arte dá sua resposta Alento pra quem resistia Deixando a farsa exposta É preciso camuflar a hipocrisia Generais dão a ordem no quartel O censor intimida a redação O covarde se esbalda no porão Cada corpo torturado para ele é um troféu (O meu sangue ao léu) Segue a escalada do cinismo A economia vai gerando ufanismo O agiota americano esconde a inflação O milagre brasileiro, a corrupção Mas o sangue da farda começa a pingar O povo na rua a se revoltar A ditadura dá seu jeitinho Diretas-já, agora não, volta depois Ulysses e a nova constituição E os fantasmas no armário levantando esta questão Os anos de chumbo acabaram ou não? Sou camarões Dos pampas meu samba se faz ouvir Sou de aço, ainda luto Pra história não se repetir