Como é que pode um cidadão de bem Que nunca feriu ninguém Sujar suas mãos com roubo barato Esse não é o legado Que eu quero deixar pro meu guri Pro meu afilhado E aquela vez que tua mãe disse Que roubo é errado? Um peixe de Parapabuapé Criado na boa fé Se deparou com a morte Bem diante dos seus pés Um livro singelo Que amarrou o elo Que faria o lar de sua história Virar num castelo de cartas De promessas fartas E que está por ruir por suas Fundações ingratas Quero respirar o ar de onde eu vim O regresso é a esperança que ainda há em mim E se nego quiser me pegar Vão passar mal de tanto procurar Calango criado no mato é peixeira Voada na risca de faca do seu benedito Que pegou da feira uma bucha esqueleta E meteu na boca de um carrapeta Balão que nunca saiu do chão Mas nem por isso nos deixou na mão Aquelas lanternas vermelhas selaram Os sonhos de todo um sertão