Era ela debruçada na sacada Que gritava apavorada Acode, acode que ele acaba de cair Era ele despencando lá do alto Que olhava pro asfalto O seu último e irrefreável fim Eram eles que estando já na rua Esperando uma tragédia Que lhes parecesse bem maior que a sua Foi um garoto bem pequeno que primeiro começou a acreditar E contagiando o bairro inteiro Que agora só gritava vai voar Então ela se ajoelha na sacada Olha acima e numa suspiro alucinado Ela começa a rezar Então eles já sem o primeiro espanto Uns sorrindo, outros em pranto Reunidos esperando acontecer E por entre as frestas de seus dedos O garoto bem pequeno vê o chão E por entre as pernas das pessoas Um corpo amontoa a multidão