Mauro Moraes

Sobra Cavalo

Mauro Moraes


Meu mate é o rancho, compadre, o gado solto no pasto,								
É a tropa no campo, o cusco no pátio.								
Meu mate é a carne no fogo, um toco de lenha,								
É o guacho da ovelha chateando o cavalo.								

Meu mate é a saudade lambendo a gamela,								
É onde o violão pergunta por ela,								
É a vaca no milho depois de dar cria,								
É rima no ouvido ganhando seu dia…								

É o sul na minha cara tirando um costado,								
É o jeito do pago gostar do que eu faço.								
Não uso chapéu sem barbicacho,								
Pra mim o mundéu é um tiro de laço								
Enchendo a pealo o meu coração.								

É a troca de aperos, patrão e peonada,								
Pra mim judiaria é novilha encerrada,								
É a vida alienada mapeando o galpão…								

(Eh! Eh! de vez em quando sobra-cavalo, eh! eh!								
E eu ato na soga o destino.) Bis								

Meu mate é um livro, um amigo, um pouco de tudo,								
É a prosa à tardinha com os olhos pro mundo.								
Meu mate é a mão, a palavra, um fio de bigode,								
É a vida tocando do jeito que pode.