Tem vez que a lua desponta E me encontra neste exílio fiel, Botando canga no medo, Lavrando com os dedos palavra e papel... Reviro a pele dos versos, dispersos, No campo branco das folhas E planto meu universo imenso Por onde a lua me olha... Neste aramado das linhas, vizinhas, De taipas retas e secas, Derramo a água das mágoas daninhas E planto rimas nas cercas. Meu pasto mal dá pro gasto, tão vasto, Nesta colheita de sonhos, tamanhos, E levo as tralhas por trilhas, sem rastro, Onde a palavra germina meus ganhos... Todo caderno é um deserto aberto, Pra mão agrária que planta e que lavra... A minha sina sulina eu sustento, Jogando ao vento semente e palavras.