Quando a noite sente as dores do dia que vem nascendo A madrugada posteira me pega fora da cama Pra mim vem berrando o dia, rezo três ave marias Pra senhora do socorro Passo uma água na cara, gargarejo uma salmora Depois encosto os tições e vou soprando com jeito Encosto a chaleira ao fogo e cevo um mate espumoso Que nem remanso de arroio Um pelego nos arreios vem forrar meu banco baixo Me estabeleço e me acho o mais feliz dos campeiros E entre um gole de mate e tragos de meu cigarro Vou calculando o serviço que vem na volta do dia: Encilhar uma rosilha que repunaram na estância Por ser petiça e comprida é pro andar das crianças O pensamento troteia no lombo das labaredas Faiscas entropilhadas fazem forma no oitão Parecendo que as estrelas estao dentro do galpão De novo encosto a chaleira e vou encilhado o mate Sobressai-se do silêncio o canto limpo de um grilo Contraponteando meu zaino num canto quebrando o milho Assim vou taureando a vida neste mundão que é só meu Faço um café de cambona ferrado a espiga de marca Reparto a bóia de ontem com meu cachorro monarca E a rosilha já na estaca, me ajeito e toldo meu zaino Quando o sol meter a cara já estou no campo do meio Com o gado que reparo lambendo sal no rodeio!