É com tristeza que eu recordo meu passado Naquele tempo quando eu era carreiro Hoje sou velho, vou vivendo de saudade Pois veio tanto janeiro e levou a mocidade E as madeiras do meu carro apodreceram E os meus bois de cansaço já morreram Na despedida eu chorei como criança Mas cortei suas cabeças e guardei como lembrança Hoje sou velho encolhido num cantinho Choro demais quando vejo meus netinhos Passam correndo brincando pelo terreiro Imitando o seu avô quando ele era carreiro Hoje sou velho só espero o fim da vida Quando eu morrer na minha despedida Quero ouvir pelo menos um instante O cantar do carro de boi e o toque de um berrante