Sai de baixo, ninguém tá a salvo E o saldo pra outra família é o filho no alvo Já sabemos o laudo e de tanto saber já tô calvo Sem respaldo, e mais uma vez o mesmo público-alvo 80 tiros foi dado no pai e músico, Evaldo Outra mãe que pede socorro Outra menina que morre no morro Outro mano de gorro que joga mais um pro pronto-socorro Inocente sem chance de vida Persepectiva ferida Vitalidade perdida Crueldade, homicida Felicidade não tem, só despedida Maria Eduarda, Vanessa, Pablo, Cleiton, Marriel Adrielly, Marlon, Brenda, Larissa, Bruna, Samuel São vidas interrompidas, crianças com a alma no céu Filhos que se foram cedo e só ficou o gosto cruel Bala perdida em Moreno Bala perdida em Recife Morte no próprio terreno Sistema só pensa em cacife Luta diária em busca de justiça Familiares em mais uma missa Mais um enterro, choro, desespero Num caixão pequeno, mais uma Melissa É tanto pranto, pouco encanto, o sonho foi-se cedo É tanto espanto, me lavanto e só vivo com medo Como é que eu janto se eu não posso mais dar um brinquedo? Aquele santo canto meu, foi tirado do enredo Vidas foram embora e não há dinheiro que possa substituir Arrancaram um pedaço nosso que nos fez desabar Enquanto houver injustiça vou gritar até me ouvir Pois agora o final do ano não tem mais o que comemorar Tiro a esmo, quanta maldade jogada no leito Poça de sangue espalhada no quarto Teu despreparo traz causa e efeito Outra criança que morre no parto E eu fico pensando se é com meu filho Como que pode tanta violência Outra estrela que perde-se o brilho As lágrimas caem pela sua ausência Peço clemência e respeito no luto A luta não para, coração é forte Enquanto persistem em tirar nosso fruto Eu sigo brigando pro sonho do esporte Então por favor eu só peço um minuto Chega de dor Só mais amor Me guia Senhor Chega de morte