Mateus Fazeno Rock

Feito Um Porco Indo Pro Abate

Mateus Fazeno Rock


Ainda bem que eu posso te escrever
Sem que tu ache estranho eu passar
Horas e horas pensando nos nossos corpos se deteriorando
Talvez maços de Bellois
Talvez maconha, talvez cachaça, talvez crack
Nossos parente bebendo até perder o prumo

Todo mundo que a gente perdeu
E fingir que não doeu, ou pior, não doer
Ainda bem que eu posso te dizer que eu perco o sono
Pensando nos efeitos psíquicos da fuga
E que meu amigo com nome de anjo berra
Feito um porco indo pro abate
Num quartinho trancado e é isso ou a mãe dele chamar a polícia

Eu nem gosto de colocar em balanças
Mas qualquer solidão de condomínio
Não tem tamanho pra caber
Na dimensão de uma comunidade adoecida
É difícil pensar que temos que nos cuidar
Por saber que nos matando
Nós estamos matando alguém

É difícil pensar que temos que nos cuidar porque
Porque já estão nos matando, aliás, como é isso?
Solução é uma palavra que a minha cabeça
Não consegue dissolver muito bem
E ainda bem que eu posso escutar você
Ler sua mensagem e lembrar
Que essa vontade instintiva de autodestruição

É apenas outra forma de sobrevivência
Tipo adiar a dor ou morrer sem doer
Eu sei porque tu me escreveu
Eu posso pensar um pouco menos
Baixar os olhos no meu abismo
E dizer que vai dá bom

Nós vai se curar e vai ser massa lá na minha casa, lá na tua casa
Mas o outro nós, o nós maior vai continuar errando
Sonhando com merda, cheirando a merda e vivendo na merda
Não tem pausa, essa porra não tem pausa