A cada carro de boi que apodrece Mais um carreiro entristece Fica mudo o estradão Cada monjolo corroído É mais um rio poluído Correndo no meu sertão Cada moenda que não gira Faz mais um peito caipira Chorar de tanta saudade Cada caminhão de mudança Mais uma moça de trança Vai embora pra cidade Cada viola que se cala Vou perdendo minha fala Vou sofrendo de verdade Fico triste quando vejo Mais um homem sertanejo Indo embora pra cidade A cada casa que cai lá na serra Mais um lavrador sem terra Vai embora pra bem distante Lá se vai outro rodeio O peão de boiadeiro Pendura outro berrante Cafezal vira invernada Não se ouve as badaladas Dos sinos lá na capela Falta o pão na nossa mesa E aumenta com certeza Mais barracos nas favelas Cada viola que se cala Vou perdendo minha fala Vou sofrendo de verdade Fico triste quando vejo Mais um homem sertanejo Indo embora pra cidade