Foi num ritual de fé Que um caboclo me levou Na cabana de um pajé Feiticeiro da Nação Kraô Na beira da fogueira pajé sentou Bebeu meu de Jurema, desencarnou Deixou seu corpo preso no mundaréu Foi visitar seu povo, no céu do céu Seu olho faiscava quando voltou Na mão trazia o toque de curador Pegava brasa viva no fogaréu E ao pôr numa ferida Purgava mel Ele andava com um bastão De raiz de pau Que virava em sua mão A cobra-coral Ele amançava onça com seu licor Ele beijava bico de beija-flor Tocava o seu chocalho de cascavel E o rio recuava seu macaréu Ele entortava o rumo de caçador E achava curuminho que não voltou Quando pescava peixe, não tinha arpéu Peixe pulava dentro do seu batel Diz-que em noite de luar Jura o povo ali Que já viu ele virar Uma sucuri