Cai a noite na cidade Vênus abençoa pares E, no interior dos lares, Tantos dormem com Morfeu Mas eu, triste ave solitária, Qual rasga-mortalha Saio de minha morada Pela estrada escuridão A solidão Faz a gente procurar Por gente como a gente Que também tem solidão E quando não, Faz a gente perder a cabeça, Faz a beça, Faz que faz, que dói A solidão, ai, ai, ai, ai, ai, ai No aconchego de uma esquina Vejo os anjos de rapina O de sexo trocado Beija a moça decadente Que apanhou do viciado Frente ao bêbado mendigo Que falava ao suicida Sobre vida sem razão A solidão Sai a noite da cidade E, no interior do peito, Arde o coração de um jeito Que nem dá para explicar Bate o sino da saudade De alguém que não existe Num lugar que não é nada Onde tempo, é ilusão A solidão