Quando ele passa, o marujo português Não anda, passa a bailar, como ao sabor das marés Quando se ginga, faz tal jeito, tem tal proa Só pra que se não distinga Se é corpo humano ou canoa Chega a Lisboa, salta do barco e num salto Vai parar à Madragoa ou então ao Bairro Alto Entra em Alfama e faz de Alfama um convés Há sempre um Vasco da Gama num marujo português Quando ele passa com seu alcache vistoso Traz sempre pedras de sal, no olhar malicioso Põe com malícia a sua boina maruja Mas se inventa uma carícia, não há mulher que lhe fuja Uma madeixa de cabelo descomposta Pode até ser a fateixa de que uma varina gosta Quando ele passa, o marujo português Passa o mar numa ameaça de carinhosas marés