Entre no meu jardim Veja parte de mim Os galhos são braços Raízes são passos A dentro, no centro De quem eu sou Olhe a plantação Cresce na escuridão E aquilo que é fruto Foi produto bruto Invento, fermento O que brotou Sempre molho a terra Com meu choro de guerra Meu corpo pintado Foi tudo asfaltado Arrancado de seu lugar Meu corpo florido Se foi, despercebido E a terra molhada Está preparada Cansada de esperar Sei que o dia virá Tudo está no lugar As folhas caídas Serão esquecidas Pra sempre, no ventre Do que sobrou Pois o que se espera É o chegar da primavera Verei renascer O que me faz viver Pra ser tudo outra vez Toda flor plantada Criou raiz, alimentada Por restos de vidas Cantigas antigas Que um dia alguém fez