Mari Merenda

Mulher Corvo

Mari Merenda


Voa, voa, voa
Ela voou e entrou em mim
Soa, soa, soa
O bate asas não tem fim

Abre, abre, abre
O corpo para receber
Chegou a hora: Entardecer
Ela entrou sem nem bater

A mulher corvo, curva o corpo e não perdoa
Se está atoa, brinca de ser má ou boa
Tem muitas formas, ela vira um passarinho
Sobe alto no seu ninho
Pra espiar quem tá sozinho

Ela vira corvo, vira mulher
Se ela quer um moço, faz do jeito que quiser
Ela é o segredo, é melhor ter medo
Pois ainda é cedo e ela vai se aproximar

É dona da morte, e o que se dizer
E se tiver sorte, te faz feliz
Pois não há quem possa se desfazer
Se ela que gosta de ver sofrer
Te deixa na fossa pra te beber
Mas se ela gosta, ela mesma irá dizer

A mulher corvo é sabida e veloz
Mesmo distante sou capaz de ouvir sua voz
Na hora cheia passa como um assombro
Empoleirada em seu ombro
Pra falar no seu ouvido

Se você escuta é porque ela te escolheu
E não sinta culpa, escolheu quando nasceu
Na hora certa vai saber fazer
Com todo esse poder
De ser aquele escolhido

Ela vira corvo, vira mulher
E com o seu corpo ela faz o que quiser
Ela mexe um dedo, você vira um brinquedo
Dentro do enredo que mesma inventar

Voa, voa, voa
Ela voou e entrou em mim
Soa, soa, soa
O bate asas não tem fim

Abre, abre, abre
O corpo para receber
Chegou a hora: Entardecer
Ela entrou sem nem bater

Veja, veja, veja o que que vai acontecer
Ouça, ouça, ouça a sua voz irá dizer
Abra, abra, abra as asas pra se entregar
Seu corpo aberto pra voar
E mulher ave se tornar