Há quanto tempo eu não vejo uma boiada A passo lento nas estradas do sertão Há quanto tempo não escuto em meus ouvidos O repicar de um berrante no estradão Não ouço mais o grito da peonada Em desespero num estouro de boiada Há muito tempo deixei de ser boiadeiro Porque a idade me tirou lá das estradas Era uma boiada pisando firme na areia do estradão Hoje e saudade que vai pisando o meu pobre coração Meu velho laço ta guardando num cantinho Minha guaiaca não é mais meu cinturão O meu chapéu pendurei atrás da porta O meu arreio ta jogado no porão Mas no meu peito eu guardei essa saudade Daqueles tempos de peão de boiadeiro Que fui feliz montado em um cavalo Tocando boi por esse chão brasileiro Era uma boiada pisando firme na areia do estradão Hoje e saudade que vai pisando o meu pobre coração Olho no espelho meu passado refletindo Vejo o vermelho da poeira em meu rosto Também me vejo com chapéu de aba larga E o meu lenço amarrado no pescoço Ai então sinto as lagrimas caindo Chora saudade que em meu peito dói de mais No mesmo espelho vejo passar minha vida Vida de peão que não volta nunca mais Era uma boiada pisando firme na areia do estradão Hoje e saudade que vai pisando o meu pobre coração