Coisas que ficaram na minha memória Se contar todas da uma história Vou falar das que lembrei agora Falo do sitio onde nasci Tinha caça e pesca de montão Pra atravessar o ribeirão Meu pai de encho e formão Uma canoa de tambori Tinha remo de sucupira O cinto da calça era de imbira Eu era um verdadeiro caipira Quando eu morava ali O destino me trouxe aqui pra cidade Me sinto preso atrás das grades Não estou suportando a saudade O que eu estou fazendo aqui? Trabalhava todos os dias Cansaço eu não sentia Nos fins de semana me divertia Nos bailinhos de mutirão Nos domingos eu jogava bola Chupava guavira e graviola Comia arroz de caçarola Na panela de ferro tutu de feijão Um objeto eu chamava de trem Fazia compra no armazém Pra pagar pataca e vintém Tinha réis e tinha tostão Tinha pelo semelhante amor e carinho Trocava dia com os vizinhos Comia caça e passarinho Bebia água sem poluição Me proibiram queimar a paiada Tive eu abandonar a enxada As terras foram mecanizadas Tinha que usar fertilizantes A roça tive que abandonar Defensivos não pude comprar Não dei conta de custear As despesas estavam constantes Sendo honesto arruinei minha vida Minhas terras foram vendidas Pra pagar duplicatas vencidas Hoje eu sou vendedor ambulante Eu vivo vendendo importado Pra ganhar o pão dou um duro danado Choro ao recordar meu passado Mas sigo em frente com Deus no semblante