Lisboa minha eterna namorada Acordo quase sempre p’ra te ver Tu és manhã tardia e sossegada De um tempo que eu não tenho p’ra perder Mas quando eu dou por mim preso à janela Poisado como as pombas e os pardais Contemplo esta cidade em aguarela Reparo que ela e eu somos iguais O sono entristecido das cortinas Ao vento côr-de-rosa desmaiado Estendendo a vida inteira pelas colinas Na corda de um relógio já cansado Ao longe a voz antiga das canções Magoa as margaridas dos quintais Lisboa que envelhece os corações No fundo eu e tu somos iguais