O velho amâncio foi peão a vida inteira, Madrugador e serviçal como ninguém, Fez o seu mundo desde o fundo até a porteira, Sem se importar com o que havia mais além. Mas, “mala suerte”, o patrão morreu primeiro, Que Deus o tenha em sua santa companhia! E o patrãozito que jamais foi estancieiro, Vendeu num upa tudo que lhe pertencia... (E o velho amâncio em sua humilde serventia, Não mais servia aos novos donos do lugar, Que lhe pediram que partisse sem tardia, Sem se importarem que essa estância era o seu lar.) bis Foi logo embora, pois foi sempre cumpridor, Deixando atrás o seu galpão e a sua vida, Pesava mais no velho lombo do que a dor, Não ver ninguém a dar-lhe adeus em sua partida. Buscou de pronto colocar-se noutra estância, Mas por ser velho já ninguém quis lhe empregar. Tocou, então, direito ao povo e na distância, Foi ser mais um farrapo humano a mendigar... (Pois velho amâncio era peão e nada mais, E só restou-lhe camperear em fantasias, E a esperar por ter a morte por guarida, Já que a vida se acabou numa invernia.) bis