Hoje, toda a sucessão dos meus recuerdos Estalou junto ao meu peito em solidão Toda a vida caminheira dos meus sonhos Se perdeu entre as ausências de um galpão. Cada sombra recortada em cavaletes Sabe mais que a vida inteira que vivi E nas garras engraxadas de saudade Vivem sonhos dos herdados que perdi. Sabe a várzea de tristeza do meu canto De treval enserenado e de invernada Que o que sinto é bem maior que uma partilha Que não cabe em toda prata já cunhada. Sabem sangas e grotões o que proclamo Foi a saga dos que vivem na memória É bem mais que o que se mede e o que se vende São as próprias gerações da minha história. Hoje toda a sucessão dos meus recuerdos Acordou, junto ao meu peito em nostalgia Cada gota de sereno nas pasturas Foi o sal que derramei desta partilha. Cada sombra recortada em cavaletes Protestou negreando as sombras do galpão Por não mais saber a essência de outros tempos Por ser, hoje, tanta ausência e solidão.