Chorona Até por vezes me olvido De escutar teu talareio Chorona Quando a basteira e a carona Enciumadas de teu canto Vão rangendo a cada tanto Quando, ao tranco, estrada afora Este gaucho se assoma Chorona, cortedeira de silêncio Quando a noite negra acampa E descanço sobre a anca Um poncho pátria escuro Que, por potro, se renega Chorona, mostras o rumo Num bate-bate de casco Quebrando a calma das pedra Companheira do campeiro Quando a pampa, em luzeiro Chama outra campereada Chorona, te vais grudada Tagarelando pra lida E a rédea chata amacia Se me resvala dos dedos Quando a coscorra do freio Se aquieta em tua melodia Chorona, que noite larga e fria Nesta pampa redomona Mas vai charlando, chorona E luzindo junto ao estribo Dum bronze véio e opaco Pois, hoje não te descalço Bamo seguir, tranco largo Só se apeamo pro amargo Lá no ranchito do passo Chorona, cortadeira de silêncio Quando a noite negra acampa E descanso sobre a anca Um poncho pátria escuro Que, por potro, se renega Chorona, mostras o rumo Num bate-bate de casco Quebrando a calma das pedra Chorona