Mano Dáblio

Brachiaria

Mano Dáblio


Foi com sete anos que fugi de casa
Pra não ser espancado por quem me amava
Em meio à miséria pobreza é luxo
E o desabafo choro da criança é lixo

O cerrado é amplo, seco, rico, lindo
Feio é o descaso com o povo do gueto
Violência banalizada, artigo 5º
Constituição aqui não vale de nada

Cadê os saraus pra salvar nóis com poesia nessa poeira toda?
Tantos querem que nóis morra
Se depender do Estado rede de esgoto
Só veremos na tela da emissora

Manipulação em massa masturbação de vil notícias
De tanto punhetarem mentiras
Notícias falsas viram verdades e verdades viram mentiras

Foi buscando respirar que pedi pra Jah ALÍVIO
Sujo, frio, fome, tudo era melhor que aquilo
Aos nove batia no peito e dizia: Sou sujeito homem

Sol rachando pulando cerca
Ultrapassando divisas
Fazendeiro dizendo que sou bandido
Pra ser bom preciso ser morto

Mas negócio agro devastou poluiu
Destruiu rios onde famílias viviam da água
Sempre pagou de herói
Quem é o criminoso da história?
Empenho no ramo
A exploração não deixou um filete d'água

Tira o menino da escola joga pedreira
Projeta mudanças
É tipo aplicações de provas
Que não provam nada
Problemas sociais
A solução são bem mais do que cesta básicas

Deposita o menor no abrigo
Conveniente é pra quem lucra com isso
Dez anos de orfanato, pé na bunda
Dezoito é maior
Rua novamente seu novo abrigo

Abusos, torturas não são cuidados
Deturparam o conceito lógico
Depois de lutar como um leão
Pra não morrer igual um veado véi!
Nessa selva de concreto e aço

Extinguir Brachiaria não é fácil
Da semente raiz é África
O amor é a rosa dos ventos
E o galeguim disse que sou praga

Aqui fico o aviso

Mano Dáblio tá vivo!
Mano Dáblio tá vivo!
Mano Dáblio tá vivo!

Deixe me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
(Sorrir)
Rir pra não chorar

Deixe me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir pra não chorar